Resenha: Auto da Compadecida

Título: Auto da Compadecida
Autor: Ariano Suassuna
Editora: Agir
Páginas: 186
Ano: 2005
Classificação: 5/5
Sinopse: O "Auto da Compadecida" consegue o equilíbrio perfeito entre a tradição popular e a elaboração literária ao recriar para o teatro episódios registrados na tradição popular do cordel. É uma peça teatral em forma de Auto em 3 atos, escrita em 1955 pelo autor paraibano Ariano Suassuna. Sendo um drama do Nordeste brasileiro, mescla elementos como a tradição da literatura de cordel, a comédia, traços do barroco católico brasileiro e, ainda, cultura popular e tradições religiosas. Apresenta na escrita traços de linguagem oral [demonstrando, na fala do personagem, sua classe social] e apresenta também regionalismos relativos ao Nordeste. Esta peça projetou Suassuna em todo o país e foi considerada, em 1962, por Sábato Magaldi "o texto mais popular do moderno teatro brasileiro".

Esta resenha contém spoiler.

Poucos filmes nacionais me agradaram tanto quanto O Auto da Compadecida. Ele é daqueles filmes que posso assistir milhares de vezes e nunca será o suficiente.

O interesse por essa leitura surgiu, acho, no ano passado. Mas a leitura mesmo aconteceu de surpresa e eu gostaria de dividir isso com vocês. Aqui na minha cidade, Matozinhos, nós possuímos uma biblioteca. Biblioteca, esta, que eu ignorava, passava milhares de vezes na porta e não entrava. Em minha defesa, gostaria de dizer que sim, já havia entrado, mas isso foi a muito tempo atrás.
Pois bem, na semana passada resolvi entrar e tamanha foi a minha surpresa ao encontrar este livro. Parecia obra do destino já que eu estava me propondo a ler mais livros clássicos nacionais. E por que não começar por Ariano Suassuna, com esta obra riquíssima que é Auto da Compadecida? Não pensei duas vezes ao resolver trazê-lo para casa.

O livro, contado em formato de peça teatral, conta a história dos moradores de Taperoá. João Grilo e Chicó trabalham na padaria do casal Eurico e Dora. Um detalhe interessante é que não nos é revelado os nomes dos dois, então no livro fica somente Padeiro e Mulher. No primeiro ato do livro, João Grilo e Chicó estão indo em busca do Padre João para abençoar o cachorro da patroa. Detalhe: no filme, é cachorra e no livro, cachorro.

Para tentar convencer o Padre, João Grilo mente dizendo que o cachorro que precisa da benção é, na verdade, de Antônio Morais, um fazendeiro muito rico e importante na cidade. Porém, João acaba se metendo em uma embrulhada quando o fazendeiro que, até então não saía de casa, resolve aparecer na cidade.

A confusão fica armada entre o fazendeiro e o Padre quando este, sem perceber, acaba chamando a esposa do fazendeiro de cachorra. João, então, pede novamente a benção para o cachorro, desta vez sendo sincero ao dizer o nome de seus patrões. Com a recusa do Padre e a demora para a benção, o cachorro acaba morrendo e a Mulher decide que o Padre irá enterrar o cachorro e será em latim.

Imagino eu que vocês, ao lerem essa parte da resenha, já tenham dado uma risada. Saibam que eu dei, ao escrevê-la. E olha que esse é só o começo da história. Em outro ato temos o gato que descome dinheiro. Gato, este, que foi vendido de João Grilo para a Mulher. Como, até então, não existe gato dessa qualidade, a Mulher acaba descobrindo que caiu num golpe e briga com João para ter o dinheiro de volta. Durante este momento, também, temos a aparição dos cangaceiros que acabam matando a todos, com exceção de Chicó. No entanto, antes de morrer, João Grilo, acaba fazendo com que o chefe dos cangaceiros e seu ajudante também morram.

No final fantástico do livro e do filme, temos o encontro de todos com o Jesus Cristo e o Encourado para seus julgamentos e intercedendo por todos eles, está Nossa Senhora.

Lá vem a compadecida! Mulher em tudo se mete. 

Quando eu iniciei a leitura estava com medo de que não fosse gostar ou, pior, não entender. Eu tenho esse receio com clássicos, de não entendê-los. Mas, para minha maravilhosa surpresa, eu adorei esse livro. Foi impossível não me lembrar das cenas do filme e, é claro, rir por isso. Livro ótimo; super recomendado para quem gosta do filme e quer conhecer livros clássicos!